sexta-feira, 24 de outubro de 2008

'Que vontade de apertar, apertar, apertar...'

Essa é uma história real, mas os nomes citados são todos fictícios, ok?
Entrei na van, na volta pra casa. Era quarta-feira. Calorão, ar condicionado ligado e eu ia me preparando pra começar a ouvir música no mp3 quando, súbito, a conversa de um colega de viagem chamou minha atenção. Ao telefone e, felizmente, tentando falar baixo e parecer educado, ele parecia indignado:
- Mas, Valéria, como a Estephanie Patrícia fez uma coisa dessas? Me diz! Como uma menina de 3 anos estrangulou um coelho?
Fiquei chocado! Duplamente! Primeiro, com o nome da criança, que era tão esdrúxulo quanto esse que inventei. Depois, claro, pela ação cometida pela aprendiz de felícia. E, sei que é feio, mas fiquei mais atento ao papo:
- Valéria, peloamordedeus!!! Três anos! Ela enfiou essa corda no pescoço do coelhinho e saiu apertando? Como? - indagava o sujeito, carregando no tom dramático e afetuoso ao falar no coelhinho.
E seguia:
- Ah, ela pegou a corda no armário?
Do outro lado da linha, Valéria, suponho, dizia alguma coisa...
- Meu Deus! Ela fez isso? Saiu arrastando ele, como se tivesse puxando pela coleira?
E tome Valéria relatando o delito...
- Nossa Senhora! A cabecinha dele virou pra trás, é? (pausa) Ficou com a língua de fora, Valéria? (pausa) Tadinho do bichinho, deve ter sofrido pra caramba!
Eu já estava horrorizado. Tinha desistido de ouvir a (trágica) história quando, para minha surpresa, o sujeito elevou o tom de voz:
- Sabe por que isso aconteceu, Valéria? Por causa dessa frescura tua e da tua mãe, de deixar o bicho preso! Se deixassem o coelhinho solto pelo quintal, ela ia brincar com ele e não teria essa necessidade de arrastá-lo. Aliás, nem ia conseguir, porque coelho corre pra burro! Mas foram deixar o bichinho no viveiro, aí foi mole pra ela...
Novamente, hora da intervenção de Valéria. E o sujeito, outra vez com a voz macia, concluiu:
- Tá bom então! Pelo menos nos livramos de um problema! Daqui a pouco eu chego aí, tá? Um beijo, te amo!

Moral da história: deduzi que Valéria e o tal sujeito eram os pais de Estephanie Patrícia. E, pelo fim que a conversa teve, passei a achar até normal que a pequena assassina tenha eliminado o primo do Pernalonga de maneira tão fria. E imagino que ela responderia coelho à pergunta que fiz no final desse post...
PS.: Prometi a mim mesmo jamais deixar de ouvir minhas músicas pra prestar atenção na conversa alheia...

6 comentários:

  1. Oi Murilo,
    Parece essa menina tem uma futura boa...
    mas como vc e muito bisbilhoteiro ne?! kkkkkkkkkkkk
    Abração!

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  2. É isso que dá quando a gente fica de "roupa na corda"... É tanta barbaridade que se escuta que um MP3 - ou até um walkman - serve pra nos bloquearem de tais coisas...

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  3. Acho q a gente podia apresentar esse menina para aquele menino do Zoo da Austrália, o q vcs acham?????

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  4. Sandra querida, acho que essa menina não precisa ser apresentada a ninguem, mas os pais da Estefani Patricia é que devem tomar cuidado, pois a Susane Richtofen ~começou assim, imitando a Felicia do Looney Tones.. Que horror!!!!

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  5. Brit, nós, jornalistas, temos uma vantagem: podemos argumentar que estamos à procura de uma notícia! E, de certo modo, a história que ouvi rendeu, né?rs...
    Abs!

    Marcelo: tem razão! O Mp3 teria me feito muito mais feliz naquela noite...
    Abs!

    Sandrinha: e quem se responsabilizaria pela formação de quadrilha-mirim? Eu tô fora dessa!rs...
    Bj!

    Aninha: tomara que essa associação - pertinente, mas sombria - não se mostre tão pertinente, né?
    Bj!

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  6. rsrs Murilo!
    e verdade amigo.
    Tudo em nome da arte! rsrs
    Abração

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