domingo, 28 de agosto de 2011

Sobre cultivar boas lembranças...


A vida segue seu curso mesmo quando o rumo não é o que tínhamos imaginado. Ela apenas segue, impondo curvas, retas, subidas e as consequentes descidas. Altos e baixos que nos lembram da eterna impermanência das coisas, das pessoas, do que sentimos e mesmo do que somos. Afinal, sim, a gente muda. O tempo todo. E tudo muda ao nosso redor.
Mesmo com todas essas mudanças, sempre há coisas que a gente gostaria de cultivar. Pessoas que partiram, a despreocupação dos tempos de criança, o peito acelerado antes, durante e depois do primeiro beijo...e um monte de outros pedacinhos felizes da nossa existência que, com o avançar da caminhada, acabam ficando pra trás.
Nessa grande lista do que gostaríamos de carregar sempre conosco acho que reina a palavra amigo. No singular, no plural ou num plural ainda mais abrangente, que englobaria as amizades. Mas a mudança é soberana, a impermanência é a regra, e mesmo num capítulo tão sagrado das nossas vidas, mesmo essas pessoas tão próximas, tão queridas, que elegemos de um modo tão subjetivo para compartilhar dores, alegrias, conquistas e fracassos; mesmo essas pessoas com quem compartilhamos nosso amor, para quem nos revelamos por inteiro, para as quais nos doamos e de quem tantas vezes recebemos tanto; mesmo essas pessoas ficam pra trás.
Pensar no porquê disso pode não trazer frutos; ou ainda, pode trazer frutos não tão doces. As coisas acontecem porque acontecem, talvez seja mesmo isso. Talvez mudar seja o melhor a fazer e talvez devamos ser mais cautelosos ao empregar palavras como "sempre", que se referem a um tempo sobre o qual não poderemos arbitrar. Talvez o melhor seja aproveitar os momentos, cada um deles, para que, lá na frente, eles possam ser cultivados como adoráveis lembranças de um alguém especial. Lembranças de uma história incrível, cheia de todas as curvas, retas, subidas e consequentes descidas. Cheia de dores, alegrias, conquistas e fracassos. Cheia de amor... 
E que, como todas as histórias, um dia chegou ao fim.

Da série: "a pergunta que não quer calar..." 103


Angélica, Gisele e a bolsa: sutileza zero!!!

É claro que a televisão tem que se sustentar e que, para isso, na maioria dos casos, conta com recursos vindos da publicidade. É claro que a publicidade pode ser genial, revelar tendências, lançar produtos extraordinários, alterar padrões de comportamento e, não raro, produzir comerciais tão ou mais interessantes que os próprios programas televisivos. É claro que a publicidade brasileira é uma das mais criativas do mundo - e não estou vivendo um momento de exagero patriota.
Dito tudo isso, vamos aos fatos. Ontem, no meio da tarde, liguei a televisão e me deparei com o programa de Angélica, o "Estrelas". Leve, descontraído, não exige grandes interpretações...ideal pra ver na hora do almoço. E lá estava a loira anunciando uma entrevista com Gisele Bündchen. Entre uma garfada e outra, olhava o papo das moças na telinha até que, de repente, estranhei uma bolsa colocada sobre a mesa, no meio da sala do apartamento da übermodel. Achei esquisito, porque celebridades não dão entrevistas em casa sem que tudo esteja cenograficamente disposto em seus devidos lugares. Intrigado, segui vendo o papo sobre a carreira de Gisele até que o rumo da prosa passou a ser os cabelos da top. E ela revela os segredos de fios tão bonitos: uma bisnaga de tratamento intensivo da Pantene.
Pergunta 1: Alguém acredita nisso?
Continuei olhando aquele merchandising tão agressivo quando, do nada, a tal bolsa voltou à cena: Gisele tirou lá de dentro uma necessáire e, como quem não quer nada, pegou dentro dela o tal produto milagroso. Tudo assim, casual. E, com a mesma naturalidade de um elefante sentado na primeira fila de uma ópera, explicou à entrevistadora como o tal produto deve ser aplicado nos cabelos.
Pergunta 2: Não teria um jeito menos grosseiro de fazer esse merchan não, minha gente?
Aí a conversa avança um pouquinho e Angélica revela não ter a tal bisnaguinha milagrosa - sem trocadilhos com o Huck, por favor. E Gisele Bündchen, a modelo mais generosa do mundo, dá um dos produtos para a entrevistadora.
Pergunta 3: Angélica não faz a propaganda dos produtos da Niéle Gold, gente? Como assim assume publicamente que a bisnaga da concorrência é mais poderosa e, como quem não quer nada, ainda pede um produto-rival para a entrevistada?
Eu hein!
PS.: Se quiser ver a entrevista na íntegra - e acompanhar esse nada sutil exemplo de merchandising, clique na foto.
Pergunta 4: Será que Angélica foi de táxi a Boston?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Resenha: Os Smurfs

Dos anos 80 para o cinema 3D: Os Smurfs conquistam o público do século XXI com um filme leve, delicado e divertido
Desde quando li as primeiras notícias que davam conta da realização de um filme sobre esses pequenos seres azuis, fiquei maluco! Os Smurfs são parte saborosa da minha infância, esse tempo que a cada dia fica mais longe, e do qual as memórias, curiosamente, cada vez parecem mais doces. Via as aventuras de Papai Smurf & cia no Xou da Xuxa, sentado no tapete da sala e rindo das trapalhadas do Desastrado - que sempre foi o meu smurf preferido.
Segunda, no cinema, entrei na máquina do tempo e fui reviver aqueles anos. Com muita felicidade, descobri que o azulzinho mais atrapalhado da turma é o protagonista do longa. Desastrado detona a ação e tem um final tipicamente hollywoodiano. E, mais que isso: fiquei surpreso com a magia do filme, que apresenta os Smurfs para as novas gerações sem soar didático ou piegas demais.
Mesmo muito cansado - e cochilando em uma parte ou outra, não por demérito do filme - gostei muito do que vi. Os Smurfs chegam ao século XXI aptos para vencer o desafio do 3D e oferecendo um tanto de doçura e afetividade que a gente não encontra nas animações surgidas nos últimos tempos. O humor é leve, sem apelações, o que não resulta num filme bobo. É produção da melhor qualidade, para crianças das mais variadas idades.
Gargamel, o vilão mais maluco de que se tem notícia, ganha vida num trabalho genial de Hank Azaria. Tão doido e caricato, o feiticeiro que quer acabar com a raça dos smurfs parece tão virtual quantos os seres azuis que tentam escapar de suas garras. E, falando em garras, Cruel, o gato de Gargamel, é outro ponto alto do filme.
Enfim, a viagem no tempo me fez muito bem. E foi dupla: além de lembrar dos meus tempos de moleque, ver Os Smurfs me fez lembrar de Nova Iorque, onde os pequenos azuis vivem as mais loucas aventuras. Ou seja: foi uma forma de matar as saudades em dose dupla. A diferença é que a Nova Iorque eu posso voltar. Já aos tempos de infãncia...só quando vier um filme novo dessa turma tão divertida.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Yes, I ♥ NY



Jamais vou esquecer a primeira visão que tive de você: imponente, com seus edifícios se erguendo no horizonte, cada qual mais alto e impressionante que o outro. Era de tarde, era verão. O céu estava azul e você parecia bem mais quente que nos filmes. Mas te reconheci no Empire States: era você, Nova Iorque, desnudando-se para meus olhos sedentos das aventuras, das paisagens, dos cheiros e dos sabores que, eu já sabia, você trataria de me revelar.

E revelou! Revelou o aroma do hot dog que se espalha por todas as suas esquinas, a explosão de luzes da Times Square, a tranquilidade dos gramados do Central Park e o burburinho da 5th Avenue. Você se mostrou pra mim chuvosa e ensolarada, de noite e de dia. Simples como um passeio de bicicleta e sofisticada como o interior dos teatros de sua Broadway de tão fantásticas produções.

Eu te olhei de cima do Rockfeller Center, vi tua cicatriz mais profunda e dolorida no Ground Zero e sofri com o calor absurdo de tuas entranhas enquanto esperava o metrô nesse verão escaldante. Fui feliz tomando café, smoothies e dançando nos teus clubs, nos teus embalos que vão de segunda a segunda! Comprovei que você realmente não para e nunca dorme! Vi teus táxis passarem por tuas ruas e avenidas e me senti mergulhado num filme. Cruzei você passeando numa limousine e me sentindo dentro de um sonho muito bom. Que, como todos os bons sonhos, também estava fadado ao fim...

Cheguei até aí com os dois pés atrás. Não tinha uma boa imagem da tua gente, tinha receio de não me adaptar ao teu ritmo frenético e me sentia inseguro quanto à capacidade de me comunicar com a tua língua. É com um largo sorriso que assumo: estava triplamente enganado. E é ciente desse triplo equívoco que anuncio: eu te amo, Nova Iorque! E espero te rever logo!