quinta-feira, 29 de outubro de 2009

E eu vi This Is It...

Estreia do documentário sobre os ensaios da última turnê de Michael Jackson revelam um artista comprometido com os fãs e apaixonado pela ideia de produzir um show memorável...


Quando Michael Jackson morreu, no último mês de junho, tão chocante quanto a sua morte eram as informações que davam conta de um artista acabado, doente física e mentalmente, falido e sem condições de cumprir a extensa agenda de 50 shows da última turnê. Não parecia, sem dúvida, um desfecho à altura do Rei do Pop...
Mas eis que, passados quatro meses da morte de Michael, o mundo pode ver o astro no pop de volta aos palcos pela primeira vez em 10 anos em This Is It. Fui conferir o filme ontem e o que se vê, meus caros, traz sérios prejuízos à imagem de artista acabado que tanto quiseram fazer crer que correspondia à realidade! Na telona, Michael ressurge no comando da situação, interferindo - enfaticamente - em cada um dos detalhes da produção do show: da escolha dos bailarinos ao momento de virar de frente para o público antes do início de mais uma canção. Lá está ele: Michael, mais rei do que nunca!
Além da atmosfera de making of, que revela a inquestionável grandiosidade dos shows que Michael não pôde fazer, This Is It oferece ao público momentos em que o artista está criando. Alguns são até engraçados, como quando Michael diz ao diretor musical que a música "precisa ficar um tempinho em silêncio" e os dois travam uma curiosa discussão sobre "o que está na cabeça" do cantor. E Michael explica: "Quero que os fãs ouçam o que eles ouvem no disco! A canção que eles ouviram e gostaram!". O rigor e o compromisso em fazer um grande espetáculo levam a uma das frases mais interessantes do filme, dita por um dos músicos. Para ele, Michael é um perfeccionista, e "isso é raro entre os artistas do pop". Se todos - ou muitos - parecem apenas interessados em fazer o varejão da música comercial, Michael Jackson se cobra - e cobra a todos da equipe - por mostrar sua arte do jeito que ela conquistou o mundo. Queria, certamente, reconquistá-lo...
O filme também mostra que a voz do cantor estava no lugar, embora ele deixe claro que estava pupando seus recursos vocais para "quando precisasse cantar de verdade". Uma economia que não impede alguns arroubos na finalização de I Just Can't Stop Loving You, executado em dueto com uma de suas backing vocals. Dueto que leva ao delírio a plateia de dançarinos e técnicos que testemunhavam os ensaios. Um belo momento!
Por falar na equipe, o filme também oferece um panoram do que significou para todos aqueles profissionais a possibilidade de dividir o palco com Michael Jackson. É a "família" do artista, como ele mesmo exalta numa das cenas de reunião com a equipe. Uma família que parecia unida em torno de um mesmo e grandioso objetivo.
This Is It - a turnê - seria um sucesso? É bem provável que sim! Os ingressos para as 50 apresentações em Londres estavam esgotados e o requinte da produção estava à altura de tudo o que Michael Jackson representa para a história do pop mundial. A força da produção e do artista em cena novamente poderiam, inclusive, devolver a Michael o lugar de destaque na música que lhe foi tirado pelos escândalos e pelas bizarrices que, infelizmente, tomaram mais espaço em sua vida que a arte. Infelizmente, o Rei do Pop não viveu para reassumir seu trono. Mas deixou aos súditos um belo e afetuoso presente: This Is It deixa claras as razões que levaram o menino nascido em Gary a se tornar o artista mais famoso, mais talentoso e mais influente da música pop em todos os tempos: dentro do que se propunha a fazer, Michal Jackson sempre foi genial...

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