sábado, 31 de maio de 2008

Sobre o marketing do eufemismo...

Esse blog não é um diário mas, vá lá, cabe uma exceção. Hoje, durante uma ida a uma clínica de estética na Barra, batia um animado papo enquanto esperava minha vez de ser atendido. Lá, o mecanismo é o seguinte: antes de qualquer serviço realizado, o cliente precisa "fazer o acerto financeiro". Já sabia do tal mandamento.
No meio do papo, uma das funcionárias da clínica se aproximou e me chamou. Simpática, sorridente e muito educada, ela resolveu me lembrar da regra: "Antes de ir lá pro consultório, o senhor vai até a salinha, pra adquirir"...
De primeira, juro que não entendi. Ergui as sobrancelhas e a moça repetiu, com o mesmo sorriso congelado na face:
"Então, o senhor antes passa ali na salinha pra adquirir"...
Só depois do replay que eu me toquei. Adquirir, no jargão do tal consultório, virou sinônimo de um outro verbo...
"Você tá querendo dizer que eu tenho que pagar antes, né?", perguntei, mesmo já sabendo da resposta, só pra ser chato.
Constrangida, a simpática atendente concordou. E, um tanto constrangida, revelou: "Não posso falar assim, pois chamam a minha atenção".
Fala sério! Qual o problema de dizer que eu tenho que pagar por algo que eu me dispus a fazer? Se peguei o carro, saí de casa e fui até lá, é porque eu sabia que ia pagar. Agora, trocar o verbo por um "adquirir" me parece uma tremenda forçação de barra pra parecer menos invasivo e indelicado. Um cuidado desnecessário, que cheira a falsidade...
E você, leitor? Em tempos de eufemismo na moda, o que mais te irrita no gênero "mundo em tons pastéis"? Falaê!

Um comentário:

  1. Fala amigo! Beleza?

    Assim, eu não tenho nada contra o "mundo em tons pasteis"... Também não chego a ter nada a favor.

    Creio que vivemos em uma sociedade muito contrastante. Quanto mais aumenta a violência, seja ela física (assaltos, torturas, milícias e afins) ou mental (novelas da Record, humorísticos sem graça e, PRINCIPALMENTE, falta de educação do povo), mais aumenta a hipocrisia em tentar disfarçá-la.

    Por outro lado, eu vejo que as pessoas, com uma mania péssima de quererem ser 'diretas e retas', andam cada vez mais sem tato, sem certas "delicadezas", que compõem o processo de relações interpessoais do ser humano (ou do 'serumanu', como escrevem os meus alunos). O caso por você citado não se aplica, mas há muitos outros em que o mundo 'cor de pastel, azul céu e rosa bebê' é, no mínimo, mas agradável de se viver.

    Já temos muita hostilidade no dia-a-dia... Enfim!

    Um abraço!

    PS: O que uma aula de Psicologia da Educação não faz comigo, né? Preciso parar com isso... (risos)

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