quarta-feira, 18 de julho de 2007

Mais sobre a cobertura da tragédia com o vôo da TAM

Continuo sob o impacto do acidente com o vôo da TAM, na noite da última terça-feira - apesar do texto anterior, mais leve. Acho que a mídia, passada a tensão inicial do pós-tragédia, está realizando um bom trabalho. Isso de forma geral, claro. O UOL, por exemplo, deu uma bela derrapada ao publicar como verdadeira uma montagem grosseira enviada por um leitor que se identificou como "testemunha da tragédia". A "barriga" - termo do meio jornalístico empregado quando o veículo e/ou o profissional dá uma informação incorreta - mereceu destaque, inclusive, no blog da Ombudsman do portal, Tereza Rangel. Aliás, abro parêntese para dar um crédito à amiga Naila Oliveira, que me passou esse "furo" do UOL nos comments do post anterior sobre a cobertura da imprensa para o maior desastre aéreo da história do Brasil.
Ouvi, durante a tarde de ontem, a Bandnews FM - com um belo trabalho jornalístico, pontuado por ótimas entrevistas com especialistas em risco áereo. Depois, à noite, ouvi a CBN - com um trabalho bastante correto também - e vi o Jornal da Globo. Nos três casos, vi matérias que buscavam discutir a pertinência de se manter um aeroporto com o volume de operações de Congonhas no coração de uma cidade como São Paulo. Acho que é essa a pergunta que a sociedade deve se fazer nesse momento. E que os governos, das diferentes esferas, vão ter de responder...
Aliás, vale dizer que, há mais de um ano, esse modesto blogueiro já criticava esse aeroporto encravado no centro de Sampa...

4 comentários:

  1. Oi, meu amigo. É chegada a hora de resolver todos os problemas da nossa aviação. Não dá mais para empurrar com a barriga. Sei que trata-se de questão complexa e polêmica, que influi diretamente na economia da mais importante cidade do país. O Brasil já deveria ter aprendido a lição quando há 10 meses houve o acidente com o avião da Gol (154 mortos) e os controladores de vôo iniciaram a operação-padrão. Não tenho informações precisas para fazer qualquer juízo de valor, portanto, só posso dar o meu pitaco. Penso que a classe está sendo muito mal interpretada pela sociedade e mal tratada pelo governo. Há alguns anos que eles já reclamam das péssimas condições de trabalho e de funcionamento dos equipamentos que, no final das contas, servem para garantir a vida de milhares de pessoas. Não dá para aeronaves desaparecerem dos radares ou para os controladores manterem a qualidade do trabalho com horas de sobrecarga. Enfim, toda a estrutura precisa ser avaliada e já. Cabe a sociedade e a imprensa ficar em cima disso.

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  2. Sobre a cobertura da imprensa, acho que o trabalho feito tem sido muito bom. Realmente segurar telejornais ao vivo com pouquíssima informação é dureza. A barriga do UOL vale para discutirmos os limites da Web 2.0. Esse termo agora virou moda e exigência para as mídias-web. A tal da interatividade, do leitor repórter, é realmente fantástica e tem tudo a ver com a Internet. Mas tem que ser com cuidado. Cabe às equipes jornalísticas dos sites garantirem que as bases de qualquer bom trabalho e veiculação de notícias sejam respeitados: objetividade, verdade, apuração. E não foi esse o caso do UOL que primeiro publicou a fotomontagem, deixou no ar por horas enquanto verificava a autenticidade da foto (claramente uma montagem) e só depois a retirou do ar quando o óbvio foi constatado. Todos perdem com isso.

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  3. Outra questão que me parece importante ser avaliada é como cobrir as famílias. Me incomodou muito ver as cenas de desespero das mães, filhos, maridos, esposas no momento exato em que receberam a notícia de que seus entes estavam sim no avião que explodiu. Não deu para segurar a minha emoção e chorei mesmo ao ver isso no Jornal Nacional. Dá ibope! Mas expõe demais um sofrimento horroroso. Não tenho a resposta, não sei o que eu faria se fosse o editor e tivesse que optar por usar ou não aquelas imagens. Mas acho que é algo que deve ser bem avaliado, e com muito cuidado.

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  4. Lindona, valeu pelas valiosas contribuições.
    Com relação à cobertura das famílias, também acho que houve algum excesso. A TV tenta fazer como os jornais, mas não dá pra negar que áudio e vídeo geram um apelo muito maior à já trágica situação de todas.
    Mas são erros comuns. Erros de quem, graças a Deus, não está habituado a lidar com desgraças dessas proporções...
    Bjão!

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