segunda-feira, 19 de março de 2007

Estrela, estrela*

Não sabia de onde essa esperança teimosa vinha. Porque, sim, ainda vinha! Talvez, de algum livro, de alguma história com final feliz ou de um daqueles filmes que a televisão mostra de tarde. De certo, só o cansaço da falta de um brilho que lhe ofuscasse os olhos, de tão próximo. De um brilho que iluminasse seu caminho, que orientasse seus passos. E, de certa forma, desse sentido a eles. Brilho que lhe esquentasse o peito e que, quando apagado, resultasse num mergulho no breu da saudade. Não aquela, que experimentava ali, olhando para o céu. Queria, agora, saudade da boa...
Livre para viver a alegria de dar amor, parecia não ter a sorte de recebê-lo. Os acordes do piano na canção em idioma desconhecido, o vento balançando as folhas das árvores, a aranha quieta em sua teia; tudo parecia apontar para essa verdade.
Pensou nessa tal verdade, sua inimiga desde sempre, enquanto olhava as estrelas do céu. Mesmo a menor, a mais longínqua, a mais isolada delas tinha seu brilho. Tantas e tão lindas, tão brilhantes. Sempre atraindo olhares. E, ainda assim, condenadas à sorte de um brilho solitário.
Injustiça, pensou. Tanto brilho e tanta solidão. Tanta beleza para mostrar a olhos que só viam parte e não o todo. Queria mais, bem mais. Esperava mais...
*Título extraído da canção homônima gravada por Maria Rita

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