sábado, 3 de março de 2007

Enfim, a última página...

Algumas considerações sobre o fim de "Páginas da vida": para mim, está mais do que claro que não dá certo deixar para a última semana o desfecho de tantas tramas. Fica tudo corrido demais, forçado demais. Um exemplo: a tal da Irmã Má, que resolveu, depois de um tombo, revelar o seu segredo a pobre da Letícia Sabatella. Com tanta coisa mais importante para se descobrir, ficou a impressão de que o drama da personagem da Marly Bueno não interessou ninguém...
Outro exemplo de fim meio acochambrado foi o dos personagens do Tarcisão e da Sônia Braga - ela, aliás, viveu uma historinha acochambrada do começo ao fim da trama. De repente, tchum: os dois gamaram. Pouco convincente, ainda mais quando o autor resolve acrescentar um diálogo no qual um constrangido Tarcísio Meira precisa se definir como um "homem de uma mulher só, que se casou virgem e, desde que ficou viúvo, nunca mais conheceu outra mulher"...alguém merece?
Mas houve também coisas boas. As seqüências de tribunal foram muito boas - com destaque para Eva Wilma, sempre arrebentando! Renata Sorrah mostrou que, quando lhe dão chance, sabe ser uma atriz ímpar. Regina Duarte viveu seu melhor momento em toda a novela - e, pra mim, essa foi uma novela muito ruim pra ela. Sem grandes afetações, sem revirar os olhinhos e o pescoço, a Helena da vez soube dar o tom de angústia, alegria e alívio ao presenciar as audiências que poderiam afastá-la de sua filha. Aliás, a melhor cena do capítulo, na minha opinião, reuniu Regina, Marcos Caruso e Tiago Rodrigues. Após o julgamento - no qual o rapaz perdeu a guarda dos dois filhos - Regina se aproximou para cumprimentá-lo e selar a paz. Caruso fez o mesmo, numa cena cheia de subjetividades. Ali, os mais velhos quebram o gelo e dão o tapa de pelica no mais moço, até então, cheio de empáfia e querendo se mostrar o dono da razão. E os três atores acertaram no tom.
Lília Cabral pirada foi fantástico! Um prêmio para a atriz que roubou a novela. A seqüência em que Marta fala sozinha e quase cai da varanda do apartamento encerrou com chave de ouro a brilhante interpretação de Lília.
Grazi Massafera mostrou a que veio em toda a trama e, no fim dela, autor e direção mostraram que captaram a mensagem - e o promissor - talento da ex-BB. Um festival de cenas com a moça bonitona, a quem Thiago Lacerda deve agradecer muito. Se não fosse por Grazi, a novela teria passado em brancas nuvens para o eterno Matteo...
No mais, aquela cafonalha do Jayme Monjardim, enfeiando a paisagem do Rio com tantos efeitos na coloração. Cafonalha que também foi notada no encerramento da trama, com aquelas páginas meio esquisitinhas nas quais apareciam os desfechos dos personagens - muitas páginas, já que o autor resolveu esquecer de tante gente, e se relembrar só no final.
Agora, embora comovente - pelo desempenho do Marcos Caruso - achei muito dispensável aquelas cenas de Alex, Helena, Francisco, Clara e o fantasma de Nanda no Jardim Botânico. Primeiro, porque demonstraram uma total falta de criatividade: o mesmo local foi usado no desfecho de "Por Amor", outra novela do Manoel Carlos. Segundo porque aquela cena de ciranda em volta da "moça bonita" ficou de matar! Até o Kardec deve ter se espantado...! Era tanta interação com a mocinha do além que um companheiro de trabalho imaginou um desfecho mais verossímil: "Já sei! Estão todos mortos! Alex, Helena e as crianças morreram num acidente de carro a caminho do Jardim Botânico! Agora eles estão felizes porque reencontraram a Nanda".
Bela aposta, né?
Bom, achei a novela ruim, mas recheada de belos momentos protagonizados pelos vários tipos de talentos que o autor e o diretor souberam recrutar.

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