domingo, 7 de novembro de 2010

A grande rasteira...

Passei o fim da tarde e boa parte da noite no hospital, acompanhando minha prima. E se o clima nunca é dos melhores em lugares do gênero, hoje estava especialmente ruim. Soube de duas mortes num curto espaço de tempo. Uma grávida, que teve a infelicidade de perder seu bebê no finalzinho da gestação; e uma senhora, que não resistiu depois de 20 horas de cirurgia e faleceu.
Vi os familiares das duas vítimas chorando e aquele clima me trouxe lembranças igualmente tristes. E fiquei penalizado com um jovem, filho da senhora que morreu depois da operação. Ele trazia nos olhos a dor de quem está devastado por uma perda irreparável. Deu a notícia a uma familiar e buscou apoio me chamando pra conversa:
- Se dependesse da gente, né, meu amigo, o mundo ficava lotado! Ninguém morria...
Acenei com a cabeça concordando. E, mentalmente, desejei muita força para aquele garoto, que se contentou dizendo que a mãe sentia orgulho dele e de seus irmãos. Tive muita, muita pena. Não suporto me imaginar no lugar dele e tenho a certeza de que não há experiência que possa me preparar para viver momento igual. A certeza de que nunca serei alguém que irá encarar a morte como algo cotidiano: pra mim, ela sempre será uma grande rasteira...

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