segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A eleição nos tempos do Twitter...

No começo do ano, quando o assunto dominante na rede dos 140 caracteres era o Big Brother Brasil, lembro de ter comentado que gostaria de ver tamanha adesão ao tema mais importante do ano: as eleições. E foi exatamente o que vi!
Estimulados principalmente por redes como o Twitter e o Facebook, que permitem comentários, réplicas e tréplicas inesgotáveis, os internautas brasileiros botaram a boca na web e opinaram sobre cada lance decisivo da campanha. No Twitter, não foram raras as vezes em que a lista dos tópicos mais populares traziam palavras relacionadas à disputa presidencial - desde #dilmanão a #serrarojas.
Mas o mergulho dos internautas brasileiros na política esteve longe de ter apenas aspectos positivos. Muitos falavam no assunto apenas para fazer graça e outros, tanto pior, utilizaram as ferramentas disponíveis na web para propagar preconceitos e boatos maldosos. Quem não recebeu uma avalanche de e-mails anunciando que um pastor fez nefastas previsões sobre um eventual governo de Dilma Rousseff? Quem não acumulou scraps - sim, o Orkut balança mas não cai!!! - de amigos criticando esse ou aquele candidato? Práticas lamentáveis que, além de invadir o espaço de cada um, revelam uma falta de educação sem tamanho.
Ontem, com a eleição definida, houve quem comemorasse o esfriamento dos ânimos. Comemoração precipitada: alimentados pela divulgação dos mapas da apuração, contendo informações sobre a votação de Serra e Dilma de acordo com a região do país, tuiteiros voltaram a gastar seus 140 caracteres para vomitar preconceitos. Eis alguns (tristes) exemplos:




Como disse no post anterior, essas eleições também trouxeram à tona um fortíssimo preconceito de classes. Gente que se acha numa posição privilegiada e que, frustrada com os rumos que o país toma, acaba se imaginando no direito de desqualificar o desejo da maioria. São intelectuais de quinta, que sequer sabem respeitar o princípio básico da democracia, que estabelece que o desejo da maioria deve ser respeitado e acatado como o desejo de todo o país.
Alguns dirão que a democracia também pressupõe o respeito à liberdade de expressão. E estão certos, claro! Mas liberdade de expressão nada tem a ver com demonstrações que beiram a xenofobia. Demonstrações que deixam claro o quanto ainda precisamos evoluir como povo. E, mais que isso, revelam que muitos de nós, pretensamente superiores e intelectualizados, ainda carecemos de valores humanos.

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