domingo, 7 de outubro de 2007

Sobre a Tropa...

Fiquei muito feliz ao chegar ao cinema e perceber uma sala lotada, cheia de gente querendo conferir a versão final de "Tropa de Elite", o filme do ano. Muitos, como eu, já conheciam a história. Não compro dvds e cds piratas, mas uma cópia parou em minha casa e a propaganda foi tão forte que acabei assistindo. Com um compromisso estabelecido comigo mesmo: o de conferir o filme assim que rolasse a estréia oficial no circuitão.
Cumpri hoje a tal promessa!
O longa de José Padilha é de um ineditismo incontestável por levar às telas a caótica situação da (in)segurança pública na cidade do Rio de Janeiro pela ótica dos policiais. Sim, eles são personagens fundamentais nessa história toda e ainda não tinham sido retratados pela cinematografia nacional com a devida importância.
O filme é violento? Sim, é. Por isso o criticam os embaixadores do politicamente correto, esquecendo-se do quão mais violenta é a realidade vivenciada por todos os que levam em frente a ousada escolha de continuar a viver no Rio e a amar essa cidade. O tal do capitão Nascimento é um personagem fascinante? Sim, é. Mas não vi na obra de Padilha o menor sinal de aprovação ao comportamento da polícia mostrada na tela. O próprio personagem de Wagner Moura - excelente em mais essa empreitada - reprova, num dado momento, suas atitudes.
Há o risco claro de que boa parte da população "compre" a idéia de que a polícia ideal é a representada pelo Bope da ficção, que tortura, mata e abusa do poder. Mas esse desvio não pode ser colocado na conta de "Tropa de Elite" da forma como, no filme, uma das vítimas de Nascimento & cia. é colocada na "conta do Papa". Se a população crê numa polícia violenta é porque está cansada demais de uma polícia despreparada, corrupta e conivente com o crime organizado - esse sim, impetuoso e cada vez mais violento. Se a população crê num modelo distorcido de polícia é sinal de que os governos ainda não foram capazes de dar à essa mesma população uma polícia limpa e eficiente; tampouco foram capazes de reconstruir os laços de confiança entre a sociedade e a instituição policial.
E se há pelo menos 20 anos tem sido assim, não se pode culpar o filme de José Padilha. Da mesma forma como não se culpa a janela pela paisagem.
Fato é que esse é um filmaço imperdível. E que mostra, como nunca, como a nossa cidade partida parece cada vez mais entregue à própria sorte...

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