sábado, 6 de outubro de 2007

Nau poética

Saber-te perto sempre tranqüilizou um turbilhão de coisas, uma montanha de más-resoluções escondidas numa gaveta perdida dentro do arquivo dos meus sentimentos. Era difícil não te ver, não poder falar contigo, não contar com teus conselhos e com tuas palavras doces nos dias em que as coisas me pareciam amargas demais; tudo isso era complicado mas, mesmo assim, sempre te soube perto. Sabia que, cedo ou tarde, nos esbarraríamos e todas as angústias também seriam guardadas na gaveta, todas amarfanhadas junto dos demais sentimentos confusos que moram dentro de mim.
Pensar-te longe é triste. É ver um horizonte sem a luz de teus olhos, sem a música que há em teus sorrisos, sem o perfume que brota do teu pescoço. E que eu tanto adoro. Pensar-te longe é me perceber só, perdido no mar à procura de um farol que não ilumina mais o porto seguro.
Errante é só o que sei ser sem ti...
E agora que a vida me põe só no meio do mar, sigo a navegar sem saber qual direção tomar. Vento sopra e vou; feito uma nau sem rumo. Feito estátua de museu, me percebo com olhos que são tristes mesmo quando há um sorriso nos meus lábios. Mapas, não os tenho! Não há nenhum deles naquela gaveta bagunçada. Simplesmente porque, desde que te encontrei, minha referência passou a ser você.

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