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domingo, 17 de fevereiro de 2008

Um Urso de Ouro para Capitão Nascimento & cia...

Merecidíssimo o Urso de Ouro para "Tropa de Elite", o filme brasileiro de maior repercussão nos últimos tempos. Rotulado como um filme fascista - aqui e lá fora - e por fazer uma suposta apologia ao uso da tortura por forças policiais, o longa de José Padilha cumpre um importante papel ao denunciar - e com toda a força do maior fenômeno pop do cinema nacional desde a retomada - os abusos cometidos por policiais corruptos e a caótica situação da segurança pública no Rio de Janeiro.
"Tropa" é o segundo filme brasileiro a faturar o Urso de Ouro. O primeiro, há exatos dez anos, foi o também excelente "Central do Brasil".
Com esse prêmio internacional - um dos mais importantes do cinema mundial - pra mim fica evidente o equívoco cometido pelo comitê responsável pela indicação brasileira para a seleção do Oscar. Perto de um furacão como "Tropa de Elite", "O ano em que meus pais saíram de férias" vira uma chatice danada, distante da realidade de muitos brasileiros e, sim, quase um arremedo de outras produções européias e latinas...
Mas nem tudo é Oscar! E viva a "Tropa"!!!

domingo, 7 de outubro de 2007

Sobre a Tropa...

Fiquei muito feliz ao chegar ao cinema e perceber uma sala lotada, cheia de gente querendo conferir a versão final de "Tropa de Elite", o filme do ano. Muitos, como eu, já conheciam a história. Não compro dvds e cds piratas, mas uma cópia parou em minha casa e a propaganda foi tão forte que acabei assistindo. Com um compromisso estabelecido comigo mesmo: o de conferir o filme assim que rolasse a estréia oficial no circuitão.
Cumpri hoje a tal promessa!
O longa de José Padilha é de um ineditismo incontestável por levar às telas a caótica situação da (in)segurança pública na cidade do Rio de Janeiro pela ótica dos policiais. Sim, eles são personagens fundamentais nessa história toda e ainda não tinham sido retratados pela cinematografia nacional com a devida importância.
O filme é violento? Sim, é. Por isso o criticam os embaixadores do politicamente correto, esquecendo-se do quão mais violenta é a realidade vivenciada por todos os que levam em frente a ousada escolha de continuar a viver no Rio e a amar essa cidade. O tal do capitão Nascimento é um personagem fascinante? Sim, é. Mas não vi na obra de Padilha o menor sinal de aprovação ao comportamento da polícia mostrada na tela. O próprio personagem de Wagner Moura - excelente em mais essa empreitada - reprova, num dado momento, suas atitudes.
Há o risco claro de que boa parte da população "compre" a idéia de que a polícia ideal é a representada pelo Bope da ficção, que tortura, mata e abusa do poder. Mas esse desvio não pode ser colocado na conta de "Tropa de Elite" da forma como, no filme, uma das vítimas de Nascimento & cia. é colocada na "conta do Papa". Se a população crê numa polícia violenta é porque está cansada demais de uma polícia despreparada, corrupta e conivente com o crime organizado - esse sim, impetuoso e cada vez mais violento. Se a população crê num modelo distorcido de polícia é sinal de que os governos ainda não foram capazes de dar à essa mesma população uma polícia limpa e eficiente; tampouco foram capazes de reconstruir os laços de confiança entre a sociedade e a instituição policial.
E se há pelo menos 20 anos tem sido assim, não se pode culpar o filme de José Padilha. Da mesma forma como não se culpa a janela pela paisagem.
Fato é que esse é um filmaço imperdível. E que mostra, como nunca, como a nossa cidade partida parece cada vez mais entregue à própria sorte...