quinta-feira, 17 de março de 2016

Sobre o (histórico) 16 de março...


Imagem da matéria transmitida no 'Jornal Nacional' de ontem: Lula e Dilma grampeados!

Catatônico! Foi assim que o Brasil ficou ontem, no fim da tarde, quando o conteúdo de escutas telefônicas envolvendo o ex-presidente Lula foram divulgadas pela mídia. Alguns brasileiros ficaram chocados pelo conteúdo das conversas. 
Outros, pela assustadora decisão de tornar públicas as gravações. Em duas delas, ouve-se a própria presidenta da república!
Tratada como escandalosa, uma das conversas entre Lula e Dilma foi usada para validar a tese de que o governo estava nomeando o ex-presidente para que ele, sob foro privilegiado, pudesse escapar do juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava-Jato. Moro que, aliás, afirmou não haver nas conversas provas da prática de crimes no documento em que retirou o sigilo das gravações,
Pode isso? Pode um juiz de primeira instância divulgar conteúdo politicamente tão explosivo?
Pode a presidenta da república ter revelado o conteúdo de uma conversa particular, ao telefone?
Pode a mídia tratar como criminosa uma conversa cujo o conteúdo o próprio juiz afirma não trazer provas de ilícitos?
Essas eram algumas das muitas perguntas que ecoavam no ar...
Caiu a república! Ela vai renunciar! Vão invadir o Planalto...
Essas eram frases que também ecoavam no ar...
E nos inboxes, no Facebook, nos telefonemas e nas conversas via whatsapp...
O que vai acontecer?
Ninguém sabia prever. Era impossível! Catatônico diante da irresponsabilidade da divulgação dos áudios e diante da possibilidade de que, sedenta por uma justiça da qual nem conhece os procedimentos corretos, a sociedade entrasse em convulsão. Sim, ontem eu tive medo! Medo de que eclodisse uma guerra civil nas ruas. Medo de ver o Brasil mergulhar na violência, que é o que acontece quando falta racionalidade e sobra ódio. Medo de que um aventureiro se dispusesse a tomar à força o leme desse barco-país e nos conduzisse a um mar ainda mais turbulento e inseguro...
Cheguei em casa e não consegui desligar da TV. Nem da internet! Era a História sendo escrita diante dos nossos 204 milhões de pares de olhos. Era como se fôssemos, todos, personagens de um livro didático, vizinhos de página de Tiradentes, Pedro Álvares Cabral, Duque de Caxias...Vargas!
Jango!
Era como se um golpe - tempos atrás, algo tão inimaginável - estivesse se desenhando na próxima esquina. 
No próximo plantão da TV. 
Na próxima tuitada...
Acordei. Não houve guerra. Não houve o mergulho na violência, embora ela já tenha respingado aqui e acolá. Não surgiu o aventureiro-ladrão-de-leme...
Escovei os dentes e, no entanto, não passou o enjoo de quem percebe o barco-país chacoalhando mais que o desejável.
Mais que o normal.
Além do limite da segurança...

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