quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Encontrei uma morena em 1907...

Passo sob os Arcos e sinto como se tivesse entrado numa máquina do tempo. Pra trás a geringonça me leva. Desembarco no início do século passado, chapéu panamá cravado na cabeça, terno de linho branco bem passado e sapatos cuidadosamente engraxados por um dos molecotes do lugar.
Vejo uma roda de velhos (novos) amigos, rindo, tomando umas e batucando. O samba é a alma do lugar. Rio, conto causos e aproveito para sacanear um vascaíno que viu seu timeco perder pro meu rubro-negro. O amor pela cruz-de-malta quase faz o tipo partir pra cima de mim, mas a turma do deixa-disso age com prontidão. Rio, porque sou do Rio e sou feliz.
Meus motivos para rir aumentam quando vem a morena malemolente, requebrando, remexendo e suingando. Vejo a saia rodar e me alegro com o que o descuido revela. Pernas grossas, bumbum empinado, beldade das melhores...
Morena da boca vermelha, do sorriso reluzente. Morena do hálito doce, do beijo quente, que me vicia, que me entorpece, e que me deixa inebriado.
Morena do Rio, do samba, da tarde ensolarada. Sambando, suando e exalando perfume. Um inesquecível perfume de morena...
Desperto da viagem de poucos segundos e um século, volto a 2007 e me deparo com um molecote me perguntando se eu tenho um trocado pra compar um lanche. Dura realidade.
Saudade da morena da Lapa...

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