quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quando uma imagem arrebenta a gente...

A tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio é a maior de todos os tempos. Já são, até o momento, quase 300 mortos e o número de desabrigados só faz crescer. Além dos dados técnicos, como a enormidade do volume das chuvas que atingiram os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, a gente sempre se põe a pensar no despreparo que essas cidades demonstram, ano após ano, para enfrentar problemas como esse. Problemas que, infelizmente, estão longe do ineditismo...
Tocado por toda a dor que um momento como esse faz aflorar, vi a cobertura do Jornal da Globo sobre os fatos relacionados à chuva. Além de pensar no sentido de tudo isso, no sofrimento de tanta gente inocente, nos mortos, feridos e desamparados, eu fiquei completamente chocado com uma imagem. A imagem do resgate de uma senhora. Sobre a laje de uma casa, cercada de águas revoltas por todos os lados, ela trazia nos braços um cachorrinho. Certamente lembrou de tentar salvar o animal. Os vizinhos atiraram uma corda para que ela se amarrasse e, assim, fosse içada do caos. Ela o fez, sempre com o cãozinho nos braços. Até que, ao pular na água, não teve forças e o instinto de sobrevivência falou mais alto. Foi salva, sem conseguir levar consigo o cachorrinho...
Foi, sem exagero, uma das cenas mais tristes que vi nos últimos tempos. Além de imaginar o desespero do bicho no meio daquele mundo de água barrenta, penso no sofrimento que essa mulher terá ao lembrar daquele ser, que certamente era especial para ela, e que foi tragado pelas águas. Algo realmente muito triste...
Alguns podem dizer que um cachorro não é nada diante das proporções dessa tragédia. Discordo. E quem tem bicho em casa sabe o quão difícil seria passar por situação semelhante à daquela senhora... 
No mais, torço para que chegue o dia em que os governos atuem preventivamente. Porque tapar o céu com a peneira todo ano não tem se mostrado a melhor das estratégias...

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