terça-feira, 12 de outubro de 2010

RESENHA: Tropa de Elite 2

Filme mostra Nascimento grisalho, na Subsecretaria de Segurança Pública: policial interpretado por Wagner Moura já é um dos mais importantes - e populares - do cinema brasileiro
Quando o público aplaude um filme no meio da exibição, é sinal de que a idenfiticação e o envolvimento com a obra mostrada na telona são inquestionáveis. Foi exatamente isso que aconteceu na noite de ontem, quando vi uma das - lotadíssimas - sessões de Tropa de Elite 2. Num momento catártico da história, quando o agora Coronel Nascimento explode contra o sistema, o cinema explodiu em aplausos. Era a consagração de uma história e de um personagem que conseguiram falar a linguagem do público.
E bota público nisso! Lançado num final de semana prolongado, Tropa de Elite 2 entrou para a história com a maior arrecadação da história do cinema nacional. Nos quatro primeiros dias em cartaz, foram R$ 13,9 milhões de reais de bilheteria, conquistadas graças à procura de 1,29 milhão de pessoas - até domingo. Gente que não só lotou as 661 salas que exibiam cópias do filme, como ainda fez com que o número fosse ampliado para 703 cinemas.
Motivada pelo canhão que foi o primeiro filme da franquia, a procura do público parece inédita no que diz respeito às produções nacionais. Corredores lotados, salas lotadas, shoppings entulhados de gente. Todos querendo conferir a história que - ao menos até o lançamento - a equipe de produção conseguiu blindar da pirataria.
O filme é muito bem feito, bem montado, bem dirigido. O realismo das cenas de ação - e violência - volta a impressionar e está, novamente, a serviço de uma história muito bem contada. Desencadeada por um erro cometido numa rebelião no presídio de segurança máxima Bangu I, a história protagonizada pelo eterno caveira Nascimento aponta o dedo para alguns dos principais nós da questão da segurança pública: a corrupção de policiais e a conivência de representantes do poder público.
Nada é novo. Duvido que haja alguém que se surpreenda com a possibilidade (?!?!?) de homens públicos - do Legislativo e do Executivo - estarem ligados ao tráfico de drogas e às milícias. Mas o mérito de José Padilha e de sua equipe é colocar essa ferida exposta na nossa cara. Sobretudo depois de um processo eleitoral. Na tela, o público se depara com "a vida como ela é".
Não vou dar detalhes do filme, porque sou contra spoilers. Mas acho que todos os brasileiros deviam ver Tropa de Elite 2. Deveriam pensar sobre o rumo de seus votos. Repensar suas escolhas, suas condutas. E perceber como os discursos - da polícia, dos políticos e de setores da mídia - são atravessados de interesses. Interesses que, na maior parte das vezes, vão no sentido exatamente contrário ao que deveria ser o interesse público.
Veja Tropa de Elite 2. E depois me responda: quem disse que o cinema brasileiro não pode fazer pensar?

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