quinta-feira, 3 de maio de 2007

E disse Clarice...*

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar."
* Trecho de 'A paixão segundo G.H.', de Clarice Lispector

Um comentário:

  1. Adoro Clarice Lispector, amor que vem desde criança.
    Clarice é (foi) de uma captação dos sentimentos ímpar, aliás, ímpar não, melhor: impressionante.
    Outro dia me revoltei por ler comentários de que a escritora era hermética. Certamente falta muita sensibilidade a essa pessoa.

    Abraços
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