sábado, 18 de março de 2006

Poente

Ali, de frente pro mar, sentiu a brisa refrescar-lhe o rosto. O sol já tomava o caminho de casa, o ar já tinha mais frescor. Final de tarde. O balé dos pássaros em busca de peixes encantava a todos que tinham ficado até mais tarde na praia. A claque de sempre, disposta a aplaudir quando sol e mar se encontrassem...
Pensou nos encontros da vida. E nos desencontros. Gente que passa como se nem tivesse existido. Gente que nem parece existir, e que, quando nos deixa, faz pensar que somos nós que não mais existimos.
Ali, de frente pro mar, ondas suaves molhando a areia, pensou em como é importante insistir. Como o sol, que busca o encontro com o mar - que nunca se concretiza - desde que o mundo é mundo. Como o vento, incansável em seu sopro infinito. Como os oceanos, que não se cansam de ir e vir, mudando e moldando marés e mares. Levantou-se, caminhou até a beira das águas. Deixou que tocassem seus pés. Buscava o contágio, queria ser contaminado pela energia da insistência, que impede que o mar para de sacolejar, que impede que cesse o vai-e-vem das ondas. Sorriu. Pés molhados, tinha conseguido. No horizonte, o sol já dava adeus. Aliás, até logo. O sol, lembrou-se, também era insistente...

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