Antes de mais nada, quero dizer que esse é, será e sempre foi um espaço livre para a manifestação de idéias e de opiniões. Não só minhas como a de vocês, que me honram com suas visitas e com seus comentários. Mas este é um blog de alguém que tem um comprometimento com o respeito às diferenças; de alguém que acredita que a beleza da vida em sociedade está na
heterogeneidade - na força que nos faz complementares, mesmo sendo todos tão diferentes como somos. Por essa - única - razão, sinto-me obrigado a replicar sempre que algum comentário - direta ou indiretamente, intecionalmente ou não - acabe resvalando para uma abordagem que possa ferir esses valores.
Três recentes
posts aqui do
B@belturbo abordaram conceitos e dogmas de duas diferentes igrejas: a Católica e a Universal. Posts que tiveram repercussão e que acabaram por lançar luz sobre algumas das grandes polêmicas atuais: o uso de preservativos - condenado pela Igreja Católica - e os preconceitos contra os homossexuais.
Rodrigo Bahiense comentou em pelo menos
dois desses posts. Eis o que disse o leitor numa de suas mensagens: "
O que não concordo é que nos obriguem a aceitar o homossexualismo como natural do ser humano, e pior do que isso, com as novas leis não podemos sequer passar aos nossos filhos o que achamos coerente com pena de sermos processados".
Rodrigo, como você, também não acho o homossexualismo natural do ser humano. Há animais - de outras espécies - que também têm essa orientação - e a Ciência ainda não explicou se trata-se de uma conduta adquirida ou se ela é congênita. Agora, ao que me consta, ninguém quer obrigar ninguém a aceitar nada. Trata-se apenas de respeitar! Respeitar o outro, respeitar a condição do outro; como eu, você e tantos outros heteros, bi, pan e multi-sexuais devemos e merecemos ser respeitados. Com os homossexuais, honestamente, não vejo o porquê de ser diferente. Quanto ao receio de "passar aos filhos o que achamos coerente", não sei se te desanimo, mas devo dizer que não conheço, até hoje, um pai que tenha dito ao filho para ingressar no mundo da homossexualidade. Porque essa não é uma orientação que se dê, é algo muito pessoal, que cada indivíduo vai elaborar da forma como lhe parecer melhor. E vice-versa: dizer ao filho para não ser gay não me parece o suficiente para que alguém que tenha essa orientação, essa pulsão, deixe de sê-lo; para que deixe de buscar sua felicidade. E isso independe do desejo - e da aprovação - do pai, da mãe, da Igreja, ou de quem quer que seja.
O mesmo leitor, em outro
post, comenta sobre a postura da Igreja Católica, respondendo ao texto
A Igreja parou no tempo. Rodrigo diz concordar "
quando o Papa afirma que a Igreja procura qualidade e não quantidade". Rodrigo, o próprio Papa cobrou mais empenho da cúpula da Igreja, aqui no Brasil, para conter a perda de fiéis: "
Trata-se efetivamente de não poupar esforços na busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem sobre Jesus Cristo",
disse Bento XVI, e essas não me parecem palavras de quem quer apenas qualidade. Falo isso sem querer arranhar a imagem do Sucessor de Pedro; trata-se apenas de uma constatação: as igreja são feitas de e por pessoas e - independente de qual religião estejamos falando - são essas mesmas pessoas que sustentam essas instituições.
Justificar o aparecimento da Aids como "
uma doença de uma sociedade moderna" também me parece um raciocínio pouco robusto. Lá pelo
século XVII, a sífilis já matava muita gente. E trata-se de uma DST também. Tenho pra mim, Rodrigo, que as pessoas sempre farão sexo antes, durante e depois do casamento. E, em muitos casos, até mesmo fora dele! E isso independe de suas crenças religiosas.
No mais, reafirmo: acho imprudente que a Igreja continue condenando o uso dos preservativos. Rodrigo Bahiense discorda: "A Igreja proíbe o uso da camisinha, não para ser vilã, mas para mostrar que esse modelo de sociedade estava errado, causou e está causando a morte de milhares de pessoas pelo mundo". E eu tenho uma visão diferente da defendida pelo meu leitor. Creio que a Igreja - vilã ou não - precisa se modernizar, não só para evitar a perda de fiéis como para manter viva a Palavra de Deus - que é razão primeira de sua existência. E isso não é ser politicamente correto, é enxergar a complexidade do mundo em que vivemos e lutar para que as condições, mesmo que não sejam as ideais, possam favorecer uma existência em harmonia, que favoreça a busca pela paz, pela tolerância e pelo amor. Valores que não serão construídos enquanto alimentarmos as diferenças, inflando dogmas ultrapassados e, muito menos, enquanto virarmos as costas para a realidade contemporânea.
Para finalizar, agradeço ao Rodrigo e a todos os outros leitores que comentam os posts! Voltem sempre!!!
E a todas as mães do Brasil e do mundo, parabéns pelo dia de hoje!!!