segunda-feira, 30 de abril de 2007

Davi x Golias? Que nada!!!

Entrevista no "Programa do Jô" se transforma num embate entre o apresentador e o senador evangélico. Jô levou a melhor, mas não se pode dizer que essa tenha sido uma grande entrevista...


Já fui um telespectador mais assíduo do "Programa do Jô". Tenho achado a pauta meio caída e, pelo que sei, a audiência não anda muito diferente. Devo dizer que não acho que o Jô faça entrevistas propriamente. Creio mais que tudo ali seja um show, e que, muitas vezes, os convidados acabam servindo de escada pra ele. E essa não é uma crítica, vejo só como uma adaptação do Jô para o gênero talk-show.
Pois bem. Eis que hoje, um amigo me avisa para ligar a TV na Globo. De um lado, o senador Marcelo Crivella. Do outro, Jô Soares. Peguei o bonde andando, confesso, e meu amigo me avisa que o senador, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, apresenta um proposta que estende os benefícios da Lei Rouanet para as igrejas. Mais fonte de renda para as igrejas?, penso. Já não basta tudo o que os fiéis depositam nas sacolinhas da vida? Eu hein!
Aí, caro leitor, admito que o blogueiro aqui foi fisgado pelo papo. Jô não fez questão de demonstrar nenhuma simpatia pelos ideais de seu entrevistado. Muito pelo contrário! E a rusga ficou ainda mais evidente quando o apresentador mencionou mais uma bandeira do bispo-senador, que é contra o projeto de lei que pretende punir a homofobia. "O projeto anti-homofobia proíbe que se critique o homossexualismo e eu sou contra (a proibição)", justifica-se o entrevistado. É a deixa para Jô cair de pau em cima dos (frágeis) argumentos de Crivella. "Pra mim (homossexualidade) não é natural, pra mim é pecado", ele diz, para ouvir, logo em seguida, Jô disparar: "Não vejo ninguém lá em cima barrando quem é viado!". A platéia foi abaixo! Ponto para o apresentador.
A entrevista (ou debate?) continua com Crivella acanhado, visivelmente constrangido por precisar defender os dogmas de sua igreja. Alguns, quase indefensáveis. Jô Soares, por sua vez, acaba se excedendo e chega a impedir o convidado de falar. "Assim fica difícil", queixa-se o senador. "Reconheço que me excedi", desculpa-se o entrevistador.
Perguntado sobre seu projeto de controle de natalidade, Crivella explica mais um de seus questionáveis pontos de vista. Para o senador, jovens de baixa renda deveriam se esterelizar. Jô cita a Escrituta Sagrada: "E o crescei e multiplicai-vos?". "Crescei e multiplicai-vos desde que possa criar seus filhos", rebate o senador. "Ah, mas isso não está escrito na Bíblia", devolve o dono do talk-show.
A platéia ovaciona cada tirada debochada do entrevistador. No fim, piadas sobre a estadia do convidado na África para amenizar o tom do embate. Cá da minha poltrona, guardo duas impressões sobre o que acabo de ver: a primeira, de que o senador precisa urgentemente crer mais no que defende, argumentar melhor sobre suas idéias e, por fim, assumir que está ao lado de sua igreja e dos dogmas que a constituem. A segunda impressão confirma a opinião do primeiro parágrafo desse post: o "Programa do Jô" não é um programa de entrevistas. É um show feito para Jô brilhar.
E, nessa noite, ele brilhou...

8 comentários:

  1. Bom resumo do programa. Assisti por pura sorte, e acabei gostando do que vi. Sem dúvida os argumentos do Jô eram bem mais fundamentados, e o Bispo (apesar de muito articulado) estava despreparado pro ataque e achei isto muito evidente.

    ResponderExcluir
  2. Murilo,

    não tenho visto mais o programa do Jô por pensar de forma parecida com o exposto no seu texto - aliás se tivesse trocentas linhas eu iria ler até o final, pois prende qualquer leitor.

    Realmente diante dos argumentos do Senador Crivella e do despreparo mostrado nessa nesga, fica difícil o Jô e a produção do programa não fazerem a festa.

    Abraços.
    http://rascunhosnanet.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Vi a entrevista e tenho algumas considerações. Eu sou cristão evangélico, mas não sou membro de igreja que se envolve com política. Não acredito em quem coloca a fé das pessoas em um palanque. Por isso cabe uma ressalva: a grande maioria das igrejas que se envolvem em política e com poder, são ditas igrejas neo-pentecostais que se utilizam de uma teologia da prosperidade, dentre elas IURD, RRSOARES, etc... Essa teologia moderna NÃO tem fundamento cristão, por isso essas igrejas são consideradas por muitos como seitas.
    O Sr Crivella ficou perdido na entrevista porque os seus fundamentos estão perdidos, por isso não soube responder ao Jô de forma adequada. Por outro lado o Jô, ao meu ver, também se excedeu, protegendo tão bem a homossexualidade e o preconceito sobre ela, mas ao mesmo tempo se mostrando altamente preconceituoso sobre aspectos da fé.
    Uma coisa preciso concordar com o senador: a homossexualidade não é de forma alguma natural e nem poderia ser já que homem e mulher são biologicamente produzidos um para o outro. Temos que aprender a conviver com ela? Claro, de maneira coerente. Acho que deveria partir dos homossexuais essa diretriz. Eles deveriam assumir que fazem parte de um grupo que se destaca por que são diferentes, e não querer enfiar goela adentro da sociedade e querer que ela assuma isso com naturalidade. Isso parece ditadura.

    ResponderExcluir
  4. Concordo em tudo. O Jô tá um chato; porém, nessa entrevista, ele deu um banho no "santinho" do bispo. Que lote de propostas absurdas desse senador.

    Mas, meu caro: extenda, do verbo estender é com "s".

    ResponderExcluir
  5. Fala Murilet!
    Pois é meu caro também assisti essa entrevista e concordo com vc, o Jô brilhou!
    E o Crivella, nossa! Como estava perdido! rs..
    Gostei do seu blog, estarei sempre aqui...se vc deixar é claro..rs..
    Bjooos!

    ResponderExcluir
  6. Eu acho muito fácil falar que homossexualidade não é normal se eu não sou gay. Como seria muito fácil critica negros se eu não sou negro. A homossexualidade é tão normal que existe desde que o mundo é mundo. E o preconceito sempre existiu principalmente porque igrejas do Satanás como a IURD fazem questão de alimentar preconceitos. E justificam o preconceito com o nome de Deus, logo ele que disse "não julgueis para não ser julgado". Mas na hora de inventarem uma lei para arrancar mais dinheiro do que o que já tiram dos pobres fiéis da igreja se esquecem dos mandamentos que estão na mesma Bíblia Sagrada como "não roubarás" ou de como Jesus não gostou de encontrar uma venda de objetos na porta da igreja. Imagina o que Jesus diria se estivesse aqui hj e visse que o objeto vendido agora nas igrejas como IURD e Ele próprio. E é triste ver que tem gente que acessa este blog que concorda com as palavras do Crivella, homem totalmente sem escrúpulos que alimenta o pior que uma sociedade pode ter, a intolerância e a falta de respeito. Ninguém precisa concordar ou discordar da homossexualidade, até porque isso é da conta de cada um, mas achar que somos livres para manifestar "opiniões" a respeito do tema, ofendendo as pessoas só porque amam alguém do mesmo sexo, seria como falar que podemos chamar negros de "macacos" na rua ou que mulheres t~em que ganhar menos apenas porque são mulheres.

    ResponderExcluir
  7. A briga do Apresentador com o Senador é interesses conflitantes.
    O cerne da questão está na ampliação da lei Rouanet de incentivo as artes, pessoas de teatro e cinema como o Sr Jô Soares não aceitam que se modifique uma virgula na lei, com medo que com isso fiquem menores os patrocínios para os seus espetáculos.
    A proposta do senador é para que as empresas possam também investir na conservação de igrejas históricas (arquitetura é arte)
    Lembrem-se do cavalo de guerra que foi feito quando quiseram dividir a verba com o esporte
    Numa sociedade capitalista quem investe quer lucros no êxito ou sucumbe com amargos prejuízos na desventura, mais sempre por sua conta e risco, como todo o empreendedor.
    E exatamente isso não ocorre com os produtores de “arte” Essas pessoas vivem e muito bem de incentivos do governo. Vide o inicio de todo filme nacional ou grandes espetáculos de teatro, os patrocinadores são na sua maioria empresas estatais, secretarias de governo e ministérios.
    E ai vem aquela historia, quando o “projeto” do lucro vai descansar e estudar em NY. Quando dá prejuízo o “publico não entendeu” e ai vão lamber as feridas da derrota, em Paris.

    ResponderExcluir
  8. Olá, estava procurando na internet a repercussão sobre a entrevista do Senador Crivella com o Jô e, confesso, fiquei muito admirada com as opiniões aqui manifestadas. Como é que alguém pode dizer que o Jô deu “um banho” no bispo? Ou que o bispo estava acanhado... e opiniões neste estilo.... Ora, o Jô armou um circo e, na minha opinião, ele foi o maior palhaço! Vocês estão esquecendo que a proposta do programa é fazer entrevista, não apresentar teses. Não importa se entrevistado é isso ou aquilo, ele deve apresentar sua opinião, o apresentador comenta, ou não, e o público aprecia, ou não. Ou será que vocês, que acham que o Jô deu um “show”, precisam de alguém para dizer o que pensar ou o que sentir? A entrevista foi totalmente manipulada, o Jô “metralhava” perguntas e não deixava que o entrevistado respondesse (leia-se: se defendesse). Não me surpreenderia saber que o público tivesse sido escolhido a dedo para manifestar-se a favor do apresentador, afinal, alguém que coloca a opinão de dois artistas para ratificar a sua própria opinião, com certeza tem uma proposta bem clara em sua cabeça: e a proposta não foi somente ir contra o projeto do Senador, mas sim de criticar a religião que ele representa. Eu não sou cristã, não sou crente, minha opinião não é, portanto, baseada em solidariedade religiosa. Também não sou a favor da proposta do Senador para alteração da referida lei, muito menos concordo com sua postura religiosa. Mas, independente de concordar ou não com o Senador, acho que ele, e qualquer pessoa, merecem respeito. E, o que eu vi nesta entrevista, foi uma manifestação de grosseria, falta de educação e falta de respeito. Acho também que as pessoas que escreveram aqui e que tão entusiasticamente defendem a postura do Jô, ou que acham que ele “deu um banho”, ou coisas no estilo, deveriam se colocar na posição do entrevistado e pensarem se se manteriam assim, tão eufóricos em favor deste apresentador-manipulador, se a pessoa entrevistada fosse qualquer uma delas, ou alguém de suas relações, ou alguém que elas admiram ou, simplesmente, alguém que elas respeitam. Então, na minha opinião, o Jô não deu “um banho” no Crivella, afogou-se no seu próprio ego... triste é ver que tem tanta gente que, mesmo assim, o aplaude...

    ResponderExcluir