terça-feira, 24 de abril de 2007

Peçonha

Sorrateira, mirou o calcanhar. O calcanhar que o pertencia e, como dizem, era também de Aquiles. Cravou-lhe os dentes quando menos se podia esperar e saiu de fininho, como quem não quer nada.
Mas deixou rastro. As cobras sempre o deixam...
E como todas as serpentes, deu do próprio veneno o soro, o antídoto para todo o mal que queria causar.
A vítima mancou, bambeou. Mas não tirou o sorriso dos lábios. Não acreditou que aquele veneno todo lhe fosse derrubar. Teve fé. Teve força. Teve benção. Deixou a serpente fugir, espreitando-se pelas sombras, agindo sempre na escuridão.
Aquele era mesmo o lugar dela, pensou o ferido. E riu, porque se à ela cabia a penumbra, sabia qual era o seu lugar. O que ninguém lhe tiraria, o lugar que só ele poderia ocupar. E, também sabia, era um lugar de luz...

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