terça-feira, 10 de junho de 2014

Pela leveza do amor...

Li ontem que ruiu parte da grade da Pont des Arts, onde os amantes prendem cadeados para segurar - ou assegurar ? - paixões. A ponte parisiense não suportou o peso dos milhares de objetos depositados no gradil por turistas do mundo todo...
Turistas do mundo todo querendo que seus amores durem para sempre. 
Amores presos?
Sempre?
Perguntei no Facebook se o romantismo também ruira, ou se o amor é pesado demais. Um amigo retrucou, dizendo que o amor não pode ser aprisionado. Quando o é, pesa.
Espertalhão esse amigo! Mas desconfio que o amor ande mesmo pesado. Por isso, talvez, esteja se arrastando por aí, desencontrado de tanta gente. Pesam sobre seus ombros as escolhas, as abdicações necessárias para que possa caminhar sereno, tranquilo. Pesam sobre suas costas o egocentrismo, a intolerância e a impaciência; que acabam por inviabilizar um mergulho mais profundo num olhar outro, num ser outro e num outro ser. Pesam atados às pernas do amor o imediatismo e o descarte fácil, que acabam por motivar os envolvidos a deitar fora o que lhes parece como algo - alguém ? - sem serventia...
Pesa, enfim, sobre a cabeça do amor um conflito entre o que aqueles que parecem buscá-lo dizem que fazem e a forma como de fato agem. 
Pobre amor esse do nosso tempo. Com todo esse peso, como vai poder lembrar a todos nós que bom é amar com leveza, sem cobranças, angústias, ansiedade? Como vai nos mostrar que amor não é mar de rosas full time; que requer investimento, dedicação, paciência, sinceridade? Como vai provar que amar é uma escolha diária, um compromisso que se reafirma cotidianamente, dentre muitas opções que a vida oferece? É renunciar a algo que até pode parecer encantador, por crer que muito mais encanto tem o que se pode construir juntos, com afeto, parceria e sinceridade.
Não tenho as respostas. Mas, assumo: torço pra ver o amor novamente leve, e andando de mãos dadas com um monte de gente boa que tá por aí, com as mãos enfiadas no bolso. Ou com a cara enterrada no celular, enquanto não encontra olhos que pareçam mais interessantes, encantadores, desafiadores, atraentes e divertidos que a tela do Facebook...

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