terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sobre Marília Gabriela e Silas Malafaia...

Só no fim da noite de ontem vi a entrevista de Silas Malafaia no De Frente com Gabi, exibida domingo, no SBT. Conhecedor das polêmicas que envolvem o líder religioso, não quis perder a oportunidade de ver seu encontro com a melhor entrevistadora da televisão brasileira.
Gabi perguntou de tudo: dos números envolvendo a suposta fortuna de Malafaia, recentemente divulgados pela Forbes, aos porquês envolvendo toda a eloquência com que ele tem se dedicado a combater a PEC de criminalização da homofobia. Foi uma grande entrevista, portanto, na qual o convidado se viu desafiado a explicar quais os fundamentos da dal Teologia da Prosperidade: "você tem até avião", pontuou Marília Gabriela, num dos momentos de grande tensão do programa.
Malafaia se comparou a Pelé ao dizer que os novos pastores não devem ter a ambição de repetir a sua trajetória. Vangloriou-se do trabalho desenvolvido junto a famílias precarizadas pelo álcool e por outras drogas, "sem dinheiro público", sem considerar que utiliza, para isso, dinheiro do público que lota seus cultos, compra seus livros e DVDs.
Quando o assunto foi a homossexualidade, tratada pelo religioso como "homossexualismo", apesar da tentativa de correção feita por Marília Gabriela, o que se viu foi um show de intolerância. De frente com Gabi, Malafaia berrava como se estivesse num púlpito, fazendo ecoar nos ares seu discurso repleto de contradições e interpretações rasteiras. Reduziu a proposta de lei que quer combater os crimes de ódio contra os homossexuais a uma tentativa de privilégio do Movimento Gay, desconsiderando as milhares de mortes violentas que vitimam cidadãos homossexuais ano a ano. Condenou a adoção de crianças por casais homossexuais ("tem muito casal hetero na fila querendo adotar") e profetizou sobre os casais que já conseguiram o direito à adoção, insinuando que (os problemas) "aparecerão daqui a 50, 60 anos". Gabi não resistiu e exclamou: "Você já tá julgando, você é Deus!"
Sim, é assim que Silas Malafaia se apresenta. E não só ele: muitos outros líderes religiosos também se colocam acima dos interesses humanistas para defender dogmas e preservar nichos de mercado. Um mercado da fé, bilionário, onde os homens que arrebanham multidões dormem em berço de ouro enquanto falta a cama para muitos de seus fiéis. Um mercado em que discursos radicais e extremos alimentam a violência, num caminho completamente impensável para os que acreditam na fé como uma forma de alcançar o bem estar individual e coletivo, o respeito ao próximo e, sobretudo, um convívio harmônico e pacífico. Se Jesus nos mandou amar ao próximo como a nós mesmos, duvido que aprovaria o tom raivoso empregado por tantos desses que falam em seu nome. Fé não combina com tanto ódio. Fé é aquilo que nos devia unir em torno de um bem comum, e não nos segregar.
Terminei de ver o vídeo e fiquei pensando muito. Como Marília Gabriela, também tenho dúvidas se o meu Deus é o mesmo de Silas Malafaia. A diferença é que não espero que o meu Deus o perdoe: quero mais é que lhe pesem sobre os ombros, na alma e onde mais lhe puder pesar todo o peso do ódio e do preconceito que tem ajudado a propagar nessa Terra. Amém!

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