terça-feira, 27 de julho de 2010

Ainda sobre a morte de Rafael Mascarenhas...

Sigo acompanhando a cobertura dessa tragédia com muito pesar. Mas, também, com um certo espanto. Primeiro, porque - ao menos até o momento - os envolvidos na morte do filho de Cissa Guimarães têm recebido tratamentos diferenciados. Enquanto so policiais têm prisão preventiva decretada, o jovem que atropelou - e matou - Rafael Mascarenhas, segue solto. O pai dele - que levou dinheiro para os policiais corruptos e tentou apagar os vestígios do crime impressos na lataria do carro - também segue em liberdade. O que explica isso?
Não defendo os PMs, é óbvio. A postura desses dois servidores públicos é deplorável, e já devia merecer condenação duro mesmo que o fato não tivesse tomado as dimensões trágicas que tomou. Na minha opinião, não há salário baixo que justifique uma atitude marginal como essa, tomada justamente pelos que deviam garantir a aplicação da lei. Portanto, são culpados os policiais corruptos. Mas são igualmente culpados os que aceitaram dar dinheiro para encobrir uma morte. Culpados por tentarem comprar o silêncio desses policiais que envergonham a corporação. Culpados por tratarem uma morte como se nada fosse. Culpados por agirem como bandidos tentando eliminar as marcas deixadas no carro - arma do crime.
Enquanto todos não estiverem atrás das grades, fica difícil crer em justiça nesse caso...
Mas também me espanta a cobertura da mídia. Tenho visto um ar de "supresa coletiva" com a atitude dos policiais, como se todos vivêssemos na Suécia e ignorássemos que é essa "cultura da cervejinha" que move o dia-a-dia de muitos dos policias que atuam no trânsito, por exemplo. Ontem, cheguei a ver alguma telejornal noticiando, em tom de alarme, "dois casos de corrupção envolvendo policiais em dois dias". Dois casos em dois dias? Quisera Deus que essa fosse a verdade. Viveríamos, meus amigos, num mundo cor-de-rosa...
O inferno é aqui. E estamos todos ardendo há tempos...

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